Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) retomaram, nesta quarta-feira (5), a ocupação da sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em Maceió, Alagoas. Esta é a segunda invasão em um curto intervalo de tempo, sendo a primeira ocorrida em 29 de abril deste ano. Ambas as ações têm como pano de fundo o protesto contra a nomeação de Junior Rodrigues do Nascimento como superintendente do órgão.
A indicação de Nascimento para o cargo foi feita pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), substituindo Wilson César Lira dos Santos, primo de Lira, que foi destituído devido à pressão exercida pelo MST. O movimento justifica sua resistência afirmando que o Incra permanece sob o controle de grupos políticos que se opõem à reforma agrária, resultando na estagnação das demandas relacionadas a essa pauta.
Em nota, o MST argumenta que a continuidade de nomeações realizadas por Arthur Lira perpetua a influência de aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro, reforçando um cenário que, segundo eles, é adverso à reforma agrária. Rodrigues do Nascimento assumiu a superintendência em 25 de abril, e o MST utiliza o curto período de sua gestão como evidência de que as mudanças desejadas na administração ainda não ocorreram.
De acordo com informações divulgadas pelo próprio MST, cerca de 300 pessoas participaram da ocupação, contando também com o apoio de organizações como a Comissão Pastoral da Terra (CPT) e a Frente Nacional de Luta (FNL). Essas entidades reforçam a união e a mobilização em torno da exigência por uma liderança no Incra que seja comprometida com a efetiva implementação da reforma agrária e mais alinhada aos interesses dos trabalhadores rurais sem terra.
A sequência de protestos sublinha a persistente tensão entre o MST e os atores políticos que influenciam as nomeações no Incra, trazendo à tona debates mais amplos sobre o futuro da reforma agrária no Brasil e a gestão de suas políticas públicas.