A Polícia Federal realizou, nesta terça-feira, a quarta fase da Operação Última Milha, com o objetivo de desmantelar uma rede criminosa suspeita de espionagem ilegal contra autoridades dos Três Poderes da República.
Com autorização do Supremo Tribunal Federal (STF), agentes cumpriram mandados de prisão preventiva e de busca e apreensão em diversas cidades do país, incluindo Brasília, Curitiba, Juiz de Fora, Salvador e São Paulo.
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De acordo com as investigações, o grupo utilizava ilegalmente recursos tecnológicos, incluindo ferramentas da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), para invadir dispositivos eletrônicos, monitorar comunicações e criar perfis falsos. A organização atuava sem autorização judicial, acessando indevidamente computadores, celulares e sistemas de telecomunicação.
A Polícia Federal também apurou que informações falsas, com potencial de causar instabilidade institucional, foram disseminadas de forma deliberada pelos envolvidos.
Os suspeitos poderão responder por uma série de crimes, como organização criminosa, tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, interceptação ilegal de comunicações e invasão de dispositivos eletrônicos.
As primeiras fases da operação já haviam revelado o uso indevido de um software de geolocalização, contratado com verba pública e utilizado por servidores da Abin sem respaldo legal.
Entre os alvos da investigação está o chamado Comando C4 — sigla para “Comando de Caça a Comunistas, Corruptos e Criminosos” — grupo formado por militares e civis. Eles cobravam quantias que chegavam a R$ 250 mil para realizar ações de vigilância e até assassinato de autoridades. Disfarces como perucas, bigodes postiços e o uso de drones faziam parte do modus operandi. Uma suposta tabela de valores previa R$ 150 mil por senador e R$ 100 mil por deputado monitorado ou eliminado.