O escândalo bilionário dos descontos indevidos em aposentadorias do INSS atingiu até familiares do atual ministro da Previdência, Wolney Queiroz (PDT). Entre as milhares de vítimas do esquema está o sogro do ministro, segundo revelado em meio às investigações da Polícia Federal.
A fraude é alvo da Operação Sem Desconto, deflagrada no último mês de abril, e estima-se que os prejuízos cheguem a R$ 6,3 bilhões. A Controladoria-Geral da União (CGU) apontou que, em alguns momentos, a entidade investigada, a CAAP, chegou a registrar até 1.351 filiações por hora — todas usadas como justificativa para descontos automáticos na aposentadoria de segurados, muitas vezes sem autorização.
Wolney Queiroz assumiu o Ministério da Previdência em maio, após a exoneração de Carlos Lupi (PDT), afastado por decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) justamente em meio à repercussão do escândalo.
A interlocutores, Wolney Queiroz afirmou que o sogro teve desconto de R$ 82 por mês, realizado pela Caixa de Assistência aos Aposentados e Pensionistas (CAAP).
Em março, uma nova publicação mostrou que a arrecadação de entidades via descontos de mensalidades sobre os benefícios dos aposentados havia disparado, somando R$ 2 bilhões em um ano, mesmo com milhares de processos judiciais por fraudes nas filiações.
As reportagens embasaram a abertura de investigações pela Polícia Federal e pela CGU. Ao todo, 38 matérias do Metrópoles foram citadas na representação que deu origem à Operação Sem Desconto, que resultou nas demissões do presidente do INSS e do então ministro Carlos Lupi.
O caso continua sob investigação, e novas denúncias de vítimas surgem a cada semana, evidenciando o alcance do esquema que abalou a estrutura do sistema previdenciário brasileiro.