Na noite de terça-feira, 4 de junho, Júlia Andrade Carthemol, principal suspeita da morte por envenenamento do empresário e namorado Luiz Marcelo Antônio Ormond, entregou-se à polícia e foi detida. As autoridades acreditam que Júlia recebeu ajuda para se esconder na Região dos Lagos durante sua fuga.
Júlia estava foragida desde 22 de maio, após prestar depoimento na 25ª Delegacia de Polícia do Rio de Janeiro. Na ocasião, o delegado responsável pelo caso declarou que ainda não havia fundamentos legais para sua prisão.
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Na mesma noite, Carla Cathermol e Marino Leandro, mãe e padrasto de Júlia, também prestaram depoimento. Eles foram levados coercitivamente de Maricá ao Rio de Janeiro, pois não compareceram voluntariamente à delegacia. Os depoimentos, agendados para as 15h, ocorreram separadamente.
Doce Mortal e Motivação Econômica
A polícia acredita que Júlia envenenou Luiz com um brigadeirão para se apoderar dos bens do namorado. O casal vivia junto há cerca de um mês quando o corpo de Luiz foi encontrado, em avançado estado de decomposição, no apartamento onde morava no Engenho Novo, zona norte do Rio de Janeiro, em 20 de maio. Vizinhos alertaram o Corpo de Bombeiros devido ao mau cheiro, e a polícia estima que Luiz tenha falecido em 17 de maio, três dias antes da descoberta do corpo.
“A motivação é econômica. Temos indícios de que Júlia estava em processo de formalização de uma união estável com a vítima, mas, aparentemente, a vítima desistiu da formalização,” explicou o delegado Marcos Buss, titular da 25ª DP. “Isso fortalece a hipótese de homicídio premeditado, e não de um latrocínio, pois o plano inicial parecia ser eliminar a vítima após a formalização da união.”
Receita de Morte e Cumplicidade
Na segunda-feira, 3 de junho, um funcionário de farmácia testemunhou que Júlia apresentou uma receita médica para comprar Dimorf, um medicamento à base de morfina, em 6 de maio. A suspeita é de que o remédio foi usado no brigadeirão consumido por Luiz. O funcionário relatou ter visto Júlia saindo de um carro prata antes da compra, e a farmácia confirmou o pagamento de R$ 158 pelo medicamento. A receita será entregue à polícia.
Um homem que se identificou como atual namorado de Júlia também foi ouvido, mas recusou-se a falar com a imprensa. A Polícia Civil solicitou medidas cautelares para rastrear as movimentações financeiras de Júlia e já recuperou alguns bens de Luiz, incluindo seu carro.
Trama Envolvendo Mentora Intelectual
Outra pessoa, Suyany Breschak, foi presa sob suspeita de participação no crime. Suyany, que se apresenta como cigana, é considerada a mentora intelectual do assassinato e teria se beneficiado dos bens de Luiz após sua morte. Em depoimento, Suyany alegou que Júlia tinha uma dívida de R$ 600 mil com ela.
Orlando Neto, ex-marido de Suyany, também foi ouvido. Ele afirmou que Suyany tentou sequestrá-lo e ameaçou envenenar seus filhos. Ele apresentou provas de que Suyany estava vendendo o carro e as armas de Luiz. A defesa de Suyany negou qualquer envolvimento no crime, alegando que Orlando sempre teve problemas pessoais, incluindo questões de pensão alimentícia.
O caso continua a ser investigado pela 25ª Delegacia de Polícia, que busca esclarecer todos os detalhes e motivações por trás desse enredo sombrio de traição e ganância.